BASTIDORES!
Após o fortalecimento do Centrão nas urnas e a queda na popularidade do governo em pesquisas recentes, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificaram a pressão por uma reforma ministerial. A avaliação entre conselheiros e petistas é de que uma reorganização na equipe de ministros é necessária para fortalecer a base de apoio no Congresso e pavimentar alianças estratégicas para a campanha de reeleição em 2026.
Entre as sugestões, está o estreitamento de laços com partidos como PSD, União Brasil e Republicanos, que atualmente controlam ministérios, mas não têm compromisso formal com o projeto petista. Além disso, há defensores da ampliação do espaço para o PP, partido liderado por figuras como o senador Ciro Nogueira (PI) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que apoiaram Jair Bolsonaro em 2022, mas têm adotado uma postura mais pragmática.
Lira, visto como o parlamentar mais poderoso do país, é apontado como peça-chave nessa estratégia. Ele articulou a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) como seu sucessor na presidência da Câmara a partir de 2025, consolidando sua influência no Centrão e no Congresso. Aliados de Lula sugerem que o alagoano seja convidado para assumir um ministério, o que poderia ampliar a governabilidade e facilitar a aprovação de pautas prioritárias no Legislativo.
O desafio, no entanto, está na escolha da pasta. No passado, Lira almejou o Ministério da Saúde, mas recebeu Portos e Aeroportos e Esporte como alternativas para seu grupo político. A possibilidade de Lula oferecer um ministério de menor relevância desagrada Lira, enquanto o presidente reluta em entregar a Saúde, mesmo com críticas à atual ministra, Nísia Trindade.
Outro obstáculo para a reforma é a próxima eleição presidencial. Caso as mudanças na Esplanada ocorram, Lula exigirá maior empenho dos ministros no enfrentamento à oposição, no diálogo com o Congresso e no comprometimento com sua campanha de reeleição. A dúvida no Planalto é se Arthur Lira, pragmático e estratégico, estará disposto a fechar um acordo com Lula dois anos antes do pleito, especialmente em um cenário político tão volátil.
Enquanto o governo debate os rumos, a reforma ministerial se apresenta como um jogo de xadrez: cada movimento deve ser calculado para garantir estabilidade política no presente e força eleitoral no futuro. (Com Veja)