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Com a conclusão da retirada dos corpos das 62 vítimas da tragédia aérea em Vinhedo (SP) e a remoção dos motores e cauda para a perícia, os próximos passos das equipes no local da queda do avião incluem o envio dos destroços ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que prevê um relatório preliminar sobre as causas do acidente em 30 dias.

Laís Marcatti, tenente do Corpo de Bombeiros, explicou que o trabalho por parte da corporação se encerrou após a retirada dos motores e cauda para uma área mais acessível, onde a Voepass fará o recolhimento para envio à perícia.

Ao todo, 15 bombeiros ainda atuavam na área do acidente na noite de sábado (10), e recolheram os equipamentos assim que os caminhões da empresa recolheram os motores do ATR-72-500.

Após essa etapa, a área do acidente permanece interditada até a retirada de todo material da fuselagem que se encontra no terreno da casa. Os destroços serão recolhidos pelo Cenipa.

Um infográfico que sobrepõe imagem do local da tragédia aérea revela como o impacto deixou “um desenho da aeronave” no quintal de uma residência.

É possível observar como a aeronave, que “caiu chapada”, ficou com a área da cabine mais preservada, enquanto da metade para a cauda a destruição, por conta do incêndio, foi maior.

A aeronave caiu sem controle e girando no ar, mostram vídeos gravados do momento do acidente, num aparente estol. A análise das caixas-pretas, que incluem o gravador de voz e o gravador de dados, é fundamental para ajudar esclarecer o que ocorreu no voo 2283.

Um vídeo mostra a abertura dos equipamentos, que terão os dados extraídos no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (Labdata) do Cenipa, em Brasília (DF).

As equipes que trabalham na tragédia encontraram “um desenho da aeronave no chão”. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o avião da Voepass “caiu chapado” no terreno, apresentando a área da cabine mais preservada e com grande destruíção por conta do incêndio da metade para a cauda.

Segundo o capitão Maycon Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, as características dos destroços direcionaram os trabalhos para retirada das vítimas, começando pela cabine e terminando na cauda.

Um fator que auxiliou nos trabalhos de retirada dos corpos é o terreno onde o avião caiu. O quintal da residência possui um gramado amplo, que favorece a movimentação de peças pesadas, permitindo o acesso aos corpos.

“O avião caiu no quintal dessa residência, é um gramado amplo. A gente consegue tirar as peças mais pesadas, aquilo que tá obstruindo para chegar a vítima, consegue movimentar desse terreno, tem espaço para isso. Tira do lugar que caiu e movimenta. Criamos uma área de depósito. O terreno plano e gramado, de certo modo, facilitou nosso trabalho”, completou o capitão.

Equipes especializadas em tragédias

Os trabalhos nos escombros contaram com equipes que já atuaram em tragédias como as enchentes do Rio Grande do Sul, o terremoto na Turquia e no temporal de São Sebastião (SP).

De acordo com o coronel Cássio Araújo de Freitas, comandante geral da Policia Militar de São Paulo, “a presença de homens e mulheres que já atuaram em outras tragédias garante a organização desse trabalho difícil”.

Investigação

A Polícia Civil informou no sábado que o inquérito será instaurado na delegacia de Vinhedo para apurar todos os fatos relativos ao acidente.

Delegado titular da 1ª Seccional de Campinas, José Antônio Carlos de Souza ressaltou o trabalho de compartilhamento de informações entre todas as instituições envolvidas para minimizar o sofrimento dos familiares.

Já o superintendente da Polícia Federal, Rodrigo Sanfurgo, destacou que a PF empregou seus melhores equipamentos e profissionais, e que só sairá de Vinhedo “quando os trabalhos forem finalizados”.

“Difícil falar em prazo, mas nós podemos afirmar que estamos trabalhando incansavelmente para finalizar esse trabalho e confortar todoas as famílias. Estamos entregando todo nosso esforço”, disse Sanfurgo.

Cronologia da tragédia

Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.

Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu edifício em São Paulo ao tentar pousar.

Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.

A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.

O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.

Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.

De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.

Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.

A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o ‘Salvaero’ foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.

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